Dicas Incríveis para Adaptar Atividades

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Está faltando criatividade para trabalhar com alunos com deficiência intelectual? Preparei uma série de dicas aqui.

Deficiência intelectual, também conhecida como retardo mental, ou deficiência mental (embora esses 2 últimos termos estejam em desuso atualmente) está relacionada com dificuldade de raciocínio e compreensão.

No geral, crianças com deficiência intelectual apresentam raciocínio e compreensão abaixo da média em relação a outras crianças da mesma idade. Isso exige do professor um esforço e dedicação complementar, adicionado de estratégias de ensino altamente eficientes.

Deficiência Intelectual

Alunos com deficiência intelectual na escola

Nos últimos anos as matrículas de alunos com deficiência nas escolas tem aumentado exponencialmente. Isso quer dizer que, a questão não é se você vai ter uma aluno com deficiência na sua sala de aula, mas quando.

Se você ainda não teve contato com alunos com necessidades educacionais especiais e isso te assusta, não se sinta uma pessoa má. Infelizmente nossa geração foi criada com uma série de preconceitos e estigmas que nos impedem de ver a realidade como ela é, de fato.

Todas as crianças podem aprender e se desenvolver. As mais sérias deficiências podem ser compensadas com ensino apropriado – Vygotsky.

A realidade é que essas crianças, as com deficiência, são como qualquer outra criança, querem brincar, falar, abraçar, ouvir histórias, fazer amigos… mas que, como qualquer outra criança, apresentam dificuldades escolares e possuem seus próprios desafios. Esses desafios e dificuldades podem ser decorrentes da própria deficiência em si, ou ainda das limitações e privações causadas pela deficiência ou por crenças limitantes da família da criança em relação a suas possibilidades.

A infantilização e a subestimação da pessoa com deficiência intelectual podem ser as principais barreiras para sua inclusão.

Deficiência Intelectual

Plano de aula para alunos com deficiência intelectual em 4 passos

Eu amo planos de aula, quando são bem feitos e levam em consideração as características do aluno.

Você deve me perguntar… como assim levar em consideração as características dos alunos?

Não estou falando de limitações, de rótulos ou estigmas!

Estou falando basicamente de conceitos trabalhados por Madeline Hunter em Teoria da Aprendizagem, ou ainda Teoria da Aprendizagem Significativa, de David Ausubel.

Apesar de parecer óbvio, os alunos aprendem melhor quando o que está sendo ensinado tem significado para ele. Os alunos com deficiência intelectual não são exceção.

Você vai me dizer: – Mas Leandro, não tenho tempo de ficar planejando uma aula para cada aluno, isso é impossível!!! – Eu digo: Sim, é impossível, concordo com você. Se você tem 30 alunos em uma turma não vai poder planejar todas as suas aulas assim. Mas, se você puder, pelo menos uma vez por semana, faça isso para esse aluno com dificuldade de aprendizagem. Uma vez por semana é melhor do que nunca. Um vez por semana pode fazer a diferença daqui a alguns meses. Acredite. (Estou supondo aqui que seu aluno não faz AEE na sala de recursos, se ele fizer, melhor ainda)

O olhar do professor deve ser acolhedor, acreditando na capacidade que cada indivíduo tem de superar seus limites.

Abaixo vou listar quatro dos pontos que mais considero importante para aumentar a expectativa de aprendizagem do aluno com deficiência intelectual.

1º passo: conheça seu aluno

Uma das maneiras mais fáceis de dar sentido ao aprendizado é relacioná-lo com a própria vida do aluno.

Ou seja, antes de começar a planejar sua aula, entenda o seguinte:

Quem é o seu aluno?
Do que ele gosta?
Do que ele não gosta?
O que é importante para ele?
Quais as habilidades que ele possui?
Quais as dificuldades que ele possui?
Qual o modelo de aprendizagem do seu aluno?

Sobre modelo de aprendizagem, é importante ressaltar que as pessoas aprendem de maneiras diferentes. Algumas aprendem melhor vendo, outras ouvindo, algumas até pelo toque. Saber qual o melhor modelo de aprendizado do seu aluno com deficiência intelectual é fundamental. Leia mais sobre Modelos de aprendizagem e sua Relação com Necessidades Educacionais Especiais.

De posse dessas informações (estou sendo superficial aqui) você terá uma base para começar a planejar sua aula para esse aluno em específico.

2º passo: use a emoção

Lembramos melhor os acontecimentos associados a um sentimento agradável.

Você se lembra do que aconteceu a exatamente 18 dias atrás? Caso tenha acontecido algo importante, você se lembrará, caso contrário será como um dia qualquer e dificilmente você se lembrará.

Importante quer dizer que tem significado para você. O que tem significado para você pode não ter para mim. Por exemplo, o dia do seu primeiro beijo. Você deve se lembrar desse dia, porque tem uma emoção associada a ele. Uma emoção agradável (ou não).

Com base no que você sabe sobre seu aluno, do que ele gosta e não gosta, do que é importante para ele e o que não é importante, escolha algo para trabalhar uma emoção agradável para ele.

Por exemplo, se você sabe que seu aluno adora ir até a pracinha para brincar no escorrega, adivinha qual pode ser o contexto da sua aula: isso mesmo, a pracinha. Independente se você quer ensinar matemática, português, motricidade fina ou ciências, use a pracinha como contexto: as cores dos brinquedos da pracinha, as formas dos brinquedos, a quantidade de brinquedos, a letra dos nomes dos brinquedos e etc.

Agora, se seu aluno tem uma emoção negativa associada a pracinha, por favor, nunca fale de pracinha com ele.

3º passo: dê significado ao que será ensinado

Outro ponto importante é dar significado. Alunos com deficiência intelectual irão prestar mais atenção em coisas que fazem sentido para eles.

Quantas vezes você já ouviu isto: “Se ele não compreende, não faz mal; compreenderá depois”. Há muito pouco “depois” para o aluno que não compreende alguma coisa, porque a aprendizagem sem significação é rapidamente esquecida.

Empregue sempre o máximo de significado na aprendizagem.

Por exemplo, se você precisa ensinar o aluno a juntar sílabas para formar uma palavra, não use “SAPO” ou “PATO”, a menos que o aluno ame sapos e patos. Eu sei que essas sílabas são importantes, mas jogadas assim, sem contexto, perdem significação para o aluno.

Como sugestão, caso seja necessário usar essas palavras, você pode contextualizar a atividade como se o aluno estivesse escrevendo uma lista das coisas que a tia tem medo (caso o aluno seja muito apegado a você). “Gente, hoje eu estou com muito medo, porque eu vi um SAPO. A tia tem muito medo de SAPO. (faça uma reação exagerada ao falar “sapo”) Você sabe mais do que eu tenho medo? Quer descobrir? Vamos juntar as sílabas para descobrir do que mais a tia tem medo. SA-PO. BA-RA-TA. FA-CA … ”

O exemplo acima, apesar de simples, atribui um significado à palavra SAPO. É a palavra que representa algo que a tia tem medo. Se o aluno se importa com a tia, em agradá-la, em vê-la feliz, se importará com o que ela tem medo.

Se você fizer reações exageradas de medo: “ai, um sapo, que medo!” e o aluno achar isso engraçado, você estará associando o aprendizado a uma emoção agradável, o que promoverá a retenção do seu aprendizado.

4º passo: o reforço positivo

Alunos com deficiência intelectual devem ter reforço positivo mais do que os outros alunos.

Reforço positivo é, por exemplo, um elogio, um “muito bem, você acertou”, palmas, abraços, uma bala, e por aí vai.

Sempre que as crianças se comportam da maneira que desejamos que continuem a fazê-lo, o reforço positivo, imediato, aumenta a probabilidade de que prossigam agindo assim.

Empregar uma palavra difícil numa frase que mencione o nome do aluno é uma técnica poderosa, embora raramente usada: “João, você hoje fez um esforço APRECIÁVEL para ajudar seu time a vencer”. Isso não apenas auxilia João a memorizar a palavra “apreciável”, mas valoriza seu ego também, fazendo um reforço positivo. – Madeline Hunter

A cada acerto, reforce positivamente. Isso manterá seu aluno muito motivado.

Esses são os 4 pontos que considero mais importantes levar em consideração antes de planejar uma aula, para qualquer aluno que seja, mas principalmente para os alunos com deficiência intelectual. Existem, claro, muitas outras questões que devem ser levadas em conta, o que tornaria esse post muito extenso.

 

Fonte: instituto itard

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